sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Para refletir...


O grande rei dos persas, Ciro, durante uma de suas campanhas guerreiras, dominou o exército da Líbia e aprisionou um príncipe.Levado à presença do conquistador ajoelhou-se perante ele o príncipe, e assim também os seus filhos e sua esposa. Os soldados vencedores, os generais da batalha, ministros e toda uma corte se juntou para tomar conhecimento da sentença real.

O rei persa coçou o queixo, olhou longamente para aquela família à sua frente, à espera de sua decisão e perguntou ao nobre pai de família: 

Se eu te disser que te concederei a liberdade, o que poderias me oferecer em troca?Rapidamente respondeu o prisioneiro: 

Metade do meu reino. 

Ciro continuou, paciente, a interrogar: 

E se eu te oferecer a liberdade dos teus filhos, que me darás? 

Ainda rápido, tornou a responder: A outra metade do meu reino. 

Calmo, o conquistador lhe lançou a terceira pergunta: 

E o que me darás, então, em troca da vida de tua esposa?

O príncipe sentiu o coração pulsar rapidamente no peito, parecendo arrebentar a musculatura. O sangue lhe subiu ao rosto, as pernas fraquejaram. 

Reconhecia que, no anseio da liberdade dos seus, tinha oferecido tudo, sem se recordar da companheira de tantos anos, sua esposa e mãe dos seus filhos.

Foi só um momento mas, para todos, pareceu uma eternidade. Um sussurro crescente tomou conta do ambiente, pois cada qual ficou a imaginar o que faria agora o vencido.

Após aquele momento fugaz, ele tornou a erguer a cabeça e com voz firme, clara, que ressoou em todo o salão, disse: 

Alteza, entrego a mim mesmo pela liberdade de minha esposa. 

O grande rei ficou surpreso com a resposta e decidiu conceder a liberdade para toda a família.

De retorno para casa, o príncipe tomou da mão da esposa, beijou-a com carinho e lhe perguntou se ela havia observado como era serena e altiva a fisionomia do monarca persa. 

Não, disse ela. Não observei. Durante todo o tempo os meus olhos ficaram fixos naquele que estava disposto a dar a sua própria vida pela minha liberdade.

*   *   *  

Para quem ama, não há limites na doação. Quando dois seres se amam verdadeiramente dão origem a outras vidas e as alimentam, enquanto eles mesmos um ao outro sustentam, na jornada dos dissabores e das lutas.
O amor conjugal é, dentre as formas de amor, um dos exercícios do amor que requer respeito, paciência e dedicação. Solidifica-se através dos anos. E tanto mais se aprofunda quanto mais intensas se fazem as lutas e as conquistas de vitórias.
Para os que se amam profundamente não há lutas impossíveis, não existem batalhas que não possam ser vencidas.


Texto baseado em um conto "Olhando só para ele" de Malba Tahan, disponível em:  http://www.momento.com.br

3 comentários:

Gabi disse...

Bru, que texto maravilhoso e que linda colocação a sua!
Uma bênção esses pensamentos!
Queria que todos pudessem ler esse post...
Amo vocês!

Adeline disse...

veja só...

beeeeem legal!

Anne disse...

Esses textos estão tão em sintonia com a minha alma.... ;)